É verdade, nem sempre fui esse escritor avacalhado. Tentei trabalhar em diferentes segmentos profissionais. Já atuei como fabricante de bandeirinhas de festa junina, adestrador de guaxinins e instrutor de manuseio de raquetes para matar mosquito.
Certa feita, também trabalhei como um indivíduo que só servia para ser xingado em um escritório de contabilidade.
Na ocasião, a minha chefe, vendo que até a samambaia da sala tinha mais serventia que eu, me mandou preparar uma palestra sobre empadinhas.
- Fale tudo sobre o tema. - Ela ordenou.
Eu achei o tema deveras estranho. Contudo, como minha função era obedecer, fiz o que me foi solicitado.
Preparei uma série de slides sobre empadinhas. Falei sobre empadinha de frango, de guisado, vegana, empadinha para diabéticos e até empadinha para quem era de libra com ascendente em gêmeos.
No dia da apresentação, estava eu lá, na sala de reuniões, sendo fulminado por vários pares de olhos inquisidores, todos ansiosos para ver o que eu tinha para falar sobre empadinhas.
Logo no primeiro slide, quando abordei a origem das empadas na península Ibérica, minha chefe gritou:
- Que merda de porra é essa?
- Fiz o que a senhora mandou. Elaborei uma palestra sobre empadinhas. - Eu expliquei falando baixinho e cagado de medo.
- Empadinha é o caralho, eu falei empatia. Em-pa-ti-a. - Ela pronunciou. Cada sílaba soava como uma chibatada nos meus ouvidos.
Após tão desastroso evento, fui defenestrado da empresa e me tornei escritor. Um escritor lascado, óbvio.
Causos como esse eu registrei aqui, nesse livrinho, o Relatos Desastrosos, uma coletânea de três histórias que resumem o cotidiano de um desafortunado autor.
O livro, mais barato que uma empadinha, não vai mudar a sua vida, mas vai ajudar a tirar o meu nome do Serasa.
domingo, 1 de junho de 2025
Relatos desastrosos - O meu mais recente fracasso literário
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